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Livro mostra como Letícia Novaes calou os machistas com saga do consagrador disco solo ‘Letrux em noite de climão’

Letícia Novaes tem o primeiro álbum solo, ‘Letrux em noite de climão’ (2017), dissecado em ótimo título da série ‘O livro do disco’ Antonio Brasil...

Livro mostra como Letícia Novaes calou os machistas com saga do consagrador disco solo ‘Letrux em noite de climão’
Livro mostra como Letícia Novaes calou os machistas com saga do consagrador disco solo ‘Letrux em noite de climão’ (Foto: Reprodução)

Letícia Novaes tem o primeiro álbum solo, ‘Letrux em noite de climão’ (2017), dissecado em ótimo título da série ‘O livro do disco’ Antonio Brasiliano / Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE LIVRO Título: O livro do disco – Letrux em noite de climão Autora: Roberta Martinelli Cotação: ★ ★ ★ ★ ♬ Comentários machistas envenenaram algumas rodinhas da cena musical indie do eixo Rio de Janeiro-São Paulo quando Letícia Novaes partiu para a carreira solo após a dissolução do duo Letuce. Houve quem duvidasse da capacidade da cantora, compositora e atriz carioca erguer um trabalho solo sem o apoio técnico do músico Lucas Vasconcellos, partner de Letícia no Letuce, duo criado em 2008 e dissolvido em 2016 após três álbuns. Ciente de tais especulações, a artista driblou a própria insegurança com os comentários – feitos pelas costas da cantora, frutos do machismo enraizado na sociedade e refletido no mundo musical – na gestação e na gravação de álbum solo que daria a Letícia Novaes visibilidade e relevância nunca alcançadas pelo duo Letuce. Foi quando Letícia assumiu a persona artística de Letrux. Lançado em 10 de julho de 2017, em edição da gravadora Joia Moderna, o álbum Letrux em noite de climão foi ponto de virada na trajetória da artista e se tornou tão referencial na cena alternativa nacional que, apenas oito anos depois, o disco é tema de livro escrito pela apresentadora e comunicadora Roberta Martinelli. O veneno machista das rodinhas está destilado no livro, rememorado pela autora nas páginas 37 e 38, como prova da vitória de Letícia. Letrux em noite de climão é o novo título da série O livro do disco, publicada no Brasil pela editora Cobogó desde 2014. Nunca a série abordou um disco tão recente. Geralmente, os discos dissecados são dos anos 1970 e 1980 e, de vez em quando, há um ou outro título da década de 1990, casos de Da lama ao caos (1994) e Lado B Lado A (1999), álbuns de estreia das bandas Chico Science & Nação Zumbi e O Rappa, respectivamente – o que comprova a força do disco Letrux em noite de climão na alternativa cena musical brasileira. Capa do livro ‘O livro do disco – Letrux em noite de climão’, de Roberta Martinelli Divulgação Com capa vermelha, cor que deu o tom do álbum dançante em que Letrux aborda a paixão sobre o prisma noturno do gozo vindo com a ressaca amorosa, o livro sobressai na série pela fluência do texto de Roberta Martinelli e também pela intimidade da autora com a artista. Martinelli acompanhou o nascimento lento de Climão – como o público da artista se refere ao disco – desde as primeiras músicas compostas em 2015. Com paixão pela história que conta com propriedade, a autora narra a saga de Letícia Novaes em busca do conceito do disco e dos músicos que formariam a banda do álbum – como o tecladista Arthur Braganti e a guitarrista Natália Carrera, ambos também creditados como produtores musicais do álbum – e, depois, da gravação em si, bancada por campanha de financiamento coletivo, recurso ao qual Letícia resistiu, mas que acabou adotando, já que, ironicamente, o projeto do disco mais comentado de 2017 nunca foi aprovado nos vários editais em que foi inscrito pela artista. Feito o bem-sucedido crowdfunding, lançado em março daquele ano de 2017, a cantora e os músicos entraram no estúdio carioca Toca do Bandido e gravaram efetivamente o disco, cuja sonoridade e repertório já tinham sido burilados nos ensaios realizados em fevereiro nas casas de Arthur Braganti e Natália Carrera. Uma vez no estúdio, houve momentos de emoção contados por Martinelli no livro, como o choro de Letícia na gravação da música 5 years old. Participação ilustre do disco, Marina Lima escolheu cantar a música Puro disfarce, gravou a voz da faixa em São Paulo (SP) e a enviou para Letícia. A propósito, em conversas de bastidores há quem diga que teria sido Marina quem alertou Letícia para o fato de que a faixa então intitulada Alinhamento inocente destoava do restante do repertório. Na versão sacramentada no livro, foram Letícia Novaes, Arthur Braganti e Natália Carrera que se sentiram incomodados com a música, retirada do álbum (após consultas místicas de Letícia, de acordo com Martinelli) e dois anos depois lançada por Fafá de Belém, com o titulo de Alinhamento energético, no álbum Humana (2019). Como Letrux em noite de climão é álbum lançado na era digital, Roberta Martinelli detalha todos os passos de Letícia na apresentação do disco nas redes sociais e na mídia, a repercussão entre os críticos – sem omitir a voz dissonante deste colunista do g1 – e também narra alguns shows da turnê consagradora que durou dois anos, com destaque para as primeiras apresentações em que a artista e banda começaram a perceber que o disco ia render. Como é praxe na série O livro do disco, há também o tradicional faixa-a-faixa, ao qual se segue o capítulo final Pós-Climão, espécie de apêndice no qual a autora discorre brevemente sobre os dois álbuns posteriores de Letrux, Aos prantos (2020) e Letrux como mulher girafa (2023). Enfim, o livro do disco definidor de Letrux flui bem e se impõe como um dos melhores títulos da série da editora Cobogó. Capa do álbum ‘Letrux em noite de climão’ Divulgação

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